terça-feira, 7 de setembro de 2021

 

Por Poliana Casemiro, G1 Vale do Paraíba e Região

 


No Dia das Bruxas, G1 reúne lendas de terror valeparaibanas em ilustrações — Foto: Reinaldo Batista/ Ilustrações/ Hellen Souza/ Arte-G1

No Dia das Bruxas, G1 reúne lendas de terror valeparaibanas em ilustrações — Foto: Reinaldo Batista/ Ilustrações/ Hellen Souza/ Arte-G1

Chapéus pretos pontiagudos, abóboras e fantasias de zumbis são figuras comuns no Dia da Bruxas - ou na forma americana, o Halloween -, comemorado nesta quinta-feira (31). A ideia que dá base às festas temáticas é basicamente celebrar personagens de lendas de terror, porém, a maior parte das referências em fantasias e decorações são estrangeiras. Mas nem só de estrangeirismos vive o Dia das Bruxas, que no Brasil divide os holofotes com o Dia do Saci.

Para a data, o G1 fez uma seleção de lendas valeparaibanas que foram passadas como 'causos' entre diferentes gerações e que vão muito além do lado popular do Saci Pererê. O menino negro de uma perna só é um ícone do folclore brasileiro que ganhou fama pelo registro do escritor Monteiro Lobato (1882 – 1948), mas que tem a história contada há bem mais tempo.

Apesar disso, historiadores contam que lendas como a do Corpo Seco, do Lobisomem de Natividade da Serra e das assombrações às margens do Rio Paraíba têm registros ao menos desde o século 19.

Amante desta cultura do terror 'made in' interior, o ilustrador Maurício Pereira produziu um livro para manter na memória e transpassar gerações com as lendas que ouviu desde criança pela região. Os contos estão registrados em histórias em quadrinhos no livro "Histórias de Assombração", que é uma coletânea de causos da região.

“Eu cresci com essas histórias e elas são parte da identidade local. Hoje, não sinto que a contação de histórias ainda seja tão forte e quis eternizar esses contos em outro formato para que a tradição não morra”, conta Maurício Pereira.

Veja abaixo um resumo dos 'causos' de terror da região:

História do Corpo Seco é famosa em Paraibuna — Foto: Reprodução

História do Corpo Seco é famosa em Paraibuna — Foto: Reprodução

Corpo Seco, de Paraibuna

Um homem ruim de coração, que maltratava os pais, morreu e teve o corpo rejeitado pelo céu e pelo inferno. Sem saber para onde ir, a história conta que ele teria saído do túmulo e ficava perambulando pelo cemitério assustando as pessoas. O coveiro, então, acionou a família e o tirou de lá em um ritual: ele precisava ser carregado amarrado, nas costas e com um padre benzendo atrás para que ele não voltasse. Segundo moradores, vez ou outra, alguém encontra com ele andando pela região.

Barqueiro do Paraíba, de Jacareí

Há uma lenda antiga sobre um barqueiro que atuava às margens do Rio Paraíba na cidade. A história conta que não havia ponte sobre o rio e a travessia só podia ser feita de barco. Um homem enigmático que chegou à cidade começou a trabalhar levando passageiros. Ele não mostrava o rosto, estava sempre de costas e só falava para a pessoa subir no barco. Quem entrou na embarcação, nunca mais foi visto.

Ilustração conta história de defunto na rede — Foto: Reprodução/ Mauricio Pereira

Ilustração conta história de defunto na rede — Foto: Reprodução/ Mauricio Pereira

Defunto da rede, de Natividade da Serra

No século 19 o costume era que se enterrassem as pessoas em sacos. Quando elas morriam, os amigos seguiam em cortejo com o saco amarrado em um pedaço de madeira. Um grupo carregava um defunto, quando houve uma forte chuva derrubou uma ponte e eles tiveram que desviar o caminho. No meio do novo percurso, o defunto teria respondido que não era por ali o caminho, assustando a todos. O corpo foi abandonado pelo cortejo e o local passou a ser assombrado. Não há definição exata de que local seria esse.

O vento mal assombrado da rua das Palmeiras em Taubaté

Contam que faziam o funeral do delegado da cidade e o cortejo percorria a rua das Palmeiras, que antigamente tinha um corredor com as árvores que dão nome ao local. De repente, houve um vento forte, levou chapéus, bateu porta de lojas e o caixão acabou caindo, mesmo sendo muito pesado. Quando pessoas que estavam no velório foram levantar o caixão, perceberam que ele havia ficado leve. Desde então, ficou conhecida a história de quando o vento soprava na rua, era um sinal mal-assombrado.

História do Saci Pererê é reverenciada por estudiosos em São Luiz do Paraitinga — Foto: Reprodução/ Mauricio Pereira

História do Saci Pererê é reverenciada por estudiosos em São Luiz do Paraitinga — Foto: Reprodução/ Mauricio Pereira

Saci Pererê, de São Luiz do Paraitinga

A lenda do Saci é uma das mais difundidas no Brasil. Segundo diferentes autores, ele é um menino travesso, negro, que tem só uma das pernas, fuma cachimbo e usa sempre uma carapuça ou gorro vermelho. Ele costuma correr atrás dos animais para afugentá-los, gosta de montar em cavalos e dar nó nas crinas. O Saci Pererê pode também aparecer e desaparecer misteriosamente e é muito irrequieto, pois fica pulando de um lugar para outro. Dizem que toda vez que ele apronta, dá risadas alegres e agudas e gosta de assoviar, principalmente em noites sem luar.

História do Lobisomem é famosa em Redenção da Serra — Foto: Reprodução/ Mauricio Pereira

História do Lobisomem é famosa em Redenção da Serra — Foto: Reprodução/ Mauricio Pereira

Lobisomem, de Redenção da Serra

Na cidade, contam a história do aparecimento de um lobisomem. A lenda diz que dois amigos tinham ido pescar e aquela seria uma noite de lua cheia. Quando foi caindo a noite, a lua começou a despontar no céu e um dos homens fugiu do local com medo. Sozinho, o companheiro desistiu da pescaria e decidiu voltar para a casa. Quando caminhava pela estrada, avistou um lobisomem. A partir daí, o relato se espalhou.

A história tem várias versões. Fora do Vale do Paraíba, Joanópolis, na região bragantina, tem o lobisomem como símbolo da cidade. Ele já virou caso de polícia e até hoje desperta relatos de gente que jura de pés juntos que a criatura existe.


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